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Friday, November 12, 2010

Minha historia. Parte I

Porque toda historia de amor comeca antes do encontro.


"A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida."

Vinicius de Moraes

Morte do Pai

Ela (eu) era uma menina sonhadora, sabia que um dia haveria de encontrar alguem que a amasse, afinal ela era uma princesa. Uma princesa que sentia nao ser amada por ninguem, mas princesas sempre encontram o seu principe, certo? Alguem que pudesse ver alem do visivel, sentir o que muitos temem sentir...amor e entrega. Ela era uma princesa muleca, entao para que o principe fosse digno da pequena magestade haveria de ser capaz de dividir com ela as suas maiores aventuras, alguem com quem ela pudesse brincar e sorrir, brigar e chorar sem nunca parar de amar. Porque brigas acontecem...life happens... A princesinha nao vestia lindos vestidos(na verdade, nem vestidos ela vestia...era moleca, lembra?), nao tinha cabelo longo com uma coroa brilhante...cheia de diamantes...nao tinha como pais um rei e uma rainha, pomposos e amorosos. Ela tinha uma mae e um pai. Sua mae era uma pessoa complicada e com o passar dos anos se tornou pior do que quebra cabecas imcompleto de uma imagem que nao se sabe bem ao certo o que eh!!! Uffa, urgh. Seu pai faleceu antes da menina saber como conversar na lingua dos pais.

Ele morreu alguns dias antes do natal...o mundo estava repleto de luzes, contudo no interior da menina havia uma escuridao... a escuridao do mundo de uma adolescente que tem que escolher a roupa que o seu pai vai usar pela eternidade no caixao, a escuridao de uma adolescente que teve que ir ao IML e a policia porque seu pai morreu no quintal da casa dos seus avos, proximo aos alicerces da casa que ele estava construindo para a sua familia. Sua mae nao tinha maturidade emocional para fazer o que era necessario e proteger a menina. Os alicerces do mundo daquela menina desabaram naquele dia , todas as vezes que ela fecha os olhos para tentar lembrar do seu pai ela ainda escuta o som do desabamento. O som da morte, sente o calafrio do frio, do medo, da solidao e lembra de quando aprendeu o significado de odio. Era dezembro e por mais que ela saiba que 17 de dezembro quase sempre faz calor em Curitiba, desde entao ela sente frio todos os 17 de dezembro. A escuridao continuou por muito tempo, veio janeiro, fevereiro...a luz demorou a acender.

Seu pai morreu sem ter um real no bolso, na carteira ou no banco. Talvez ele fosse um pirata e tivesse um tesouro escondido, a menina procurou o mapa...depois de muito procurar, finalmente, desistiu. Nao havia tesouro, nao havia dinheiro, nao havia calor, nao havia amor, nao havia conforto, nao havia abraco, nao havia nada. Um terrivel vazio dentro de um pacote de dividas, de enterro e de tudo o que vem com morte. Naquela noite, quando esperava o corpo do seu pai do lado de fora do IML, seu padrinho chegou ate ela e disse: - Vou estar aqui por voce, vou ajudar a sua mae cuidar de voce...nada vai te faltar.

Ele tinha dinheiro, mas nao tinha palavra. Ajudar a mae da menina a cuidar dela... Se ele tivesse ajudado a menina a cuidar de sua mae e da sua irma teria sido uma grande ajuda. Ela sonhou, teve um momento de esperanca. Ele nunca fez o que prometeu. O que as pessoas fazem e falam para que elas se sintam bem diante de uma situacao desconfortante. Egoismo; esquecem que outras pessos podem estar procurando uma palavra de esperanca...e quando elas encontram uma letrinha que seja que lhe remeta um pouquinho de HOPE (esperanca) elas acreditam.

A noite foi longa e fria. Seu pai nao era rei e nao era perfeito, mas tinha amigos. Seus amigos pagaram pelo enterro. Seu pai havia desenvolvido um trabalho social com mendingos, ele e seus amigos proporcionavam alimento, roupas e atencao. A menina foi surpreendida por centenas de mendigos chorando a morte de seu pai. Ele era mais proximo dos mendigos do que era proximo de sua filha.

Passou horas ao lado do caixao, queria durmir para esquecer as incertezas do amanha... queria fugir, mas foi interrompida por incontaveis abracos sem nenhum significado. “Meus pesames” desconhecidos lhe diziam. O que isto significa, afinal?! Quando as palavras sao repedidas muitas vezes sem sentimento elas perdem o seu valor, seu significado e sua carga emocional (Que isto nunca aconteca com o “eu te amo”). Ela queria fugir da dor, da incerteza e do teste de recuperacao que tinha que fazer na escola na noite da morte do seu pai.

Depois de querer entender porque o seu pai , que tinha fama de nao sorrir nunca, estava sorrindo no caixao; depois da morte encontrou algo melhor do que a vida? Melhor do que ela?

Ele nao sorria para a sua filha, mas sorriu para a morte.

Procurou respostas para perguntas que ninguem poderia responder e sentiu, mais uma vez, o vazio.

Mas como dizem...”se procurar a gente encontra”; ela encontrou culpa. A culpa de uma menina que sabia dos amantes da sua mae, sabia que sua mae levava a sua irma de 4 anos aos encontros com o outro. A culpa de quem escutava as descricoes detalhadas dos encontros, beijos e lugares onde sua mae fazia sexo com os seus amantes. Ela escutava porque nao tinha outra opcao, sua mae era e hoje, ainda pior, eh uma pessoa opressora, mas isso nao diminuia sua culpa.

A culpa das ultimas palavras marcantes do seu pai.

Ele sentado no sofa que tambem lhe servia de cama. Quando nao dormia no sofa dormia no banco do carro vermelho...que prometeu de presente a sua filha, mas que nao teve tempo de cumprir.

- Onde esta a sua mae?!

Ela, sabendo exatamente onde e com quem sua mae estava, mas sem saber o que lealdade eh e quem a merece...com medo do que aconteceria, com vergonha do que diria...preferiu uma resposta evasiva.

- Nao sei onde ela esta.

- Ela levou a sua irma, ne?

- Acho que sim. Neste momento ela levantou tentando desesperadamente fugir da situacao.

O pior golpe, veio por tras, direto no coracao...sangrou por muito tempo.

- Quando eu morrer voce vai querer falar comigo e nao vai poder!

A menina nao lembrava de mais nada que tivesse acontecido entre aquele dialogo e a morte de seu pai, dia 17 de dezembro.

Uma confusao de memorias. Uma confusao de sentimentos...um caos no mundo da pequena princesa que nao sentia ser amada por ninguem. Os dias que procederiam aquele 17 de dezembro trariam consigo os gritos de um mundo dizendo “eu nao te amo e nao te quero” e reafirmariam no coracao daquela menina que nem todas as meninas sao princesas e mesmo que fossem, nem todas encontram o seu principe ou tem um castelo e vivem uma vida com final feliz.Nem todas as meninas tem cabelo longo!!! Felicidade pertence ao mundo do faz de conta, fantasia ao certo! Certo ou incerto?!

Independente do que acreditava ser ou nao ser, ela era e eh uma princesa e felicidade existe em um mundo muito mais proximo do que a “Terra bem distante”. Ela ainda nao sabia, mas... saberia.

Logo, Parte dois.

Luciane Hawkins

3 comments:

Anne Costa said...

Oi Lu,adorei receber sua visita no meu blog,seja bem vinda,sempre que quizer voltar.
Achei sua história bonita,apesar de triste...bonita,pois vc conseguiu transformar suas dores em poesia e isto é até mesmo uma forma de amenizar todo sofrimento,que com certeza deixaram marcas,mas não te fez uma pessoa revoltada e infeliz,digo isto pelos sorrisos das fotos,por vc ver beleza na natureza e por deixar um amor se transformar em filho,acredito que este pequeno seja seu filho,né?rsrs
Volto depois pra ver a parte 2 desta hsitória.

Beijos e uma ótima semana!!!

Anne Costa said...

Pois é Lu,a cirurgia que eu quero fazer é pra tirar o excesso de pele também,mas o médico já disse que quando eu tirar o excesso,terei que colocar uma prótese pra dá sustentação ao seio,mas como eu não quero seios grandes vou mandar colocar a mínima.rsrs


Beijos e um ótimo final de semana!!!

Anne Costa said...

Pois é Lu,aqui tá um calor,tem dias que esfria,mas normalmente dentro de casa é mais quente.
E agora acabei de saber pra que cidade vou passar o natal,então lá é calor com certeza.rsrs

Beijos....uma ótima tarde e fique com Deus!!!

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